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Estilo de Vida: Os amplos benef?cios de um estilo de vida saud?vel

Dr. Alberto Jos? N. Ogata

A sa?de e a qualidade de vida das pessoas n?o se resumem ao seu estado de sa?de, identificado pelos resultados de exames laboratoriais (n?veis de glicose e colesterol no sangue, por exemplo), pela sua press?o arterial ou pela necessidade ou n?o de tratamentos ou uso de medicamentos. Trata-se de um conceito bem mais amplo, que envolve a sensa??o de bem-estar das pessoas em seu ambiente familiar, na escola e no trabalho e no seu contexto s?cio-econ?mico e cultural.

Muitos autores acreditam que a qualidade de vida possui v?rias dimens?es, que podem ser resumidas nas esferas f?sica, social, emocional e espiritual. Acreditamos que essas dimens?es s?o igualmente importantes e devem ser desenvolvidas com harmonia, integra??o e equil?brio. Assim, torna-se muito dif?cil que uma pessoa opte, por exemplo, por desenvolver unicamente a esfera profissional, relegando para segundo plano o cuidado com o corpo, as rela??es com a fam?lia e os amigos, e n?o se preocupe com os valores pessoais. Provavelmente, tamb?m n?o conseguir? sucesso na ?rea profissional, pois isso depende do equil?brio harm?nico de todas as dimens?es.

Muitas pessoas n?o conseguem parar de fumar ou praticar atividades f?sicas, pois est?o pouco motivadas, tristes ou solit?rias, ou n?o acreditam que vale a pena cuidar da pr?pria sa?de. Estimul?-las a mudarem seus comportamentos para um estilo de vida saud?vel constitui-se num desafio para os profissionais, algo que envolver? novos conhecimentos e habilidades e a busca de metodologias e t?cnicas que sejam eficazes para diferentes p?blicos.

Import?ncia para as pessoas - Atualmente, no Brasil, as doen?as cr?nicas n?o-transmiss?veis (infarto do mioc?rdio, derrames cerebrais, diabete tipo II e c?ncer) s?o as principais causas de morte em adultos. De acordo com a Organiza??o Mundial da Sa?de, 80% dos casos de doen?as cardiovasculares e diabetes e 40% dos casos de c?ncer s?o evit?veis atrav?s da mudan?a do estilo de vida, baseada principalmente por meio da atividade f?sica, alimenta??o saud?vel (cinco por??es di?rias de frutas e vegetais, evitar gorduras e sal em excesso), elimina??o do h?bito de fumar e a ado??o de comportamentos preventivos (como realizar exames preventivos, n?o dirigir quando ingerir bebidas alco?licas e n?o fumar).

Uma pesquisa envolvendo a an?lise de 14 estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos concluiu que as pessoas com peso excessivo t?m risco 32% maior de desenvolver doen?a coronariana do cora??o (infarto do mioc?rdio) que aumenta para 81% se a pessoa for obesa.

Alguns dados merecem ser destacados, com rela??o ? sa?de do brasileiro. O Instituto Nacional do C?ncer (INCA) est? projetando, para 2009, aumento consider?vel no n?mero de casos de c?ncer de pele, pulm?o, pr?stata, mama e intestino, que, somados, podem atingir 290.000 pessoas em todo o Brasil. A Sociedade Americana de C?ncer estima que o tabagismo seja respons?vel por um ter?o de todos os c?nceres e a alimenta??o inadequada e o sedentarismo respondem por outro ter?o. Assim, estes fatores respondem por dois ter?os de todas as mortes por c?ncer.

O Minist?rio da Sa?de est? realizando, desde 2006, o estudo "Vigil?ncia de Fatores de Risco e Prote??o para Doen?as Cr?nicas por Inqu?rito Telef?nico" (VIGITEL), para monitorar v?rios indicadores nas capitais dos Estados e do Distrito Federal. Os n?meros de 2007 revelaram que 43,4% dos brasileiros est?o com excesso de peso, 32,8% consomem carnes com excesso de gordura, 29,2% s?o fisicamente inativos, e 16,4% s?o fumantes. A pesquisa VIGITEL revelou ainda que 17,5% dos brasileiros consomem ?lcool em excesso e que, em m?dia, 2% dirigem ap?s a ingest?o de bebidas alco?licas. Podem concluir que, nas capitais brasileiras, mais de 20.000 pessoas dirigem ap?s beber, todos os dias. Calcula-se que cerca de 40% dos acidentes automobil?sticos fatais estejam associados ? ingest?o de ?lcool.

Segundo levantamentos do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado consideravelmente, chegando a 76,8 anos para as mulheres e 69,5 anos para os homens.

Deste modo, o desafio n?o ? "como viver mais", e sim "como viver melhor". Sabemos que a qualidade de vida das pessoas cai muito quando elas ficam doentes, incapacitadas ou dependentes de medicamentos e tratamentos e suas limita??es. Al?m disso, o m?ximo desempenho pessoal, na empresa, na escola e nos neg?cios, somente ? atingido por n?veis excelentes de sa?de atrav?s da busca do estilo de vida saud?vel.

Import?ncia para as empresas ? A globaliza??o, o uso intensivo da tecnologia e a maior competi??o entre as empresas exigem que as pessoas possam ter o m?ximo desempenho no trabalho. Sabe-se que o fator humano ? hoje um elemento de competitividade para as organiza??es. Trabalhadores motivados, saud?veis e felizes produzem mais, faltam menos ao trabalho, sofrem menos acidentes e t?m menos doen?as graves.

Estudos internacionais que analisam o absente?smo (faltas ao trabalho), o presente?smo (estar presente no trabalho, mas n?o ser produtivo), custos com assist?ncia m?dica, acidentes no trabalho e aposentadorias precoces por problemas ocupacionais mostram que as interven??es no ambiente de trabalho s?o eficazes e melhoram todos esses indicadores.

Os fatores de risco para doen?as cr?nicas, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, maus h?bitos alimentares e estresse t?m uma rela??o direta com a produtividade. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e publicada na renomada revista "Journal of Occupational & Environmental Medicine" demonstrou que a produtividade ? reduzida em 2% para pessoas com um fator de risco, podendo atingir 16% para pessoas com muitos fatores de risco.

As empresas t?m enfrentado problemas s?rios com o aumento dos custos de assist?ncia m?dica. No Brasil, a sinistralidade (despesas m?dicas, hospitalares e laboratoriais) tem aumentado sistematicamente acima da infla??o. Os gestores, por sua vez, t?m utilizado v?rias ferramentas para buscar controlar essa despesa. Para este item, tamb?m o estilo de vida dos empregados ? de grande import?ncia. Uma pesquisa publicada pelo "Center of Disease Control- CDC" dos Estados Unidos mostrou que pessoas obesas custam 54% mais que as que t?m peso adequado.

Um grande estudo, envolvendo mais de 250.000 americanos, demonstrou que as pessoas que praticam atividade f?sica moderada (cinco ou mais dias na semana) reduzem em 27% o risco de morte em compara??o com os sedent?rios. Os que praticam atividade f?sica mais intensa (sess?es de 20 minutos, por tr?s dias na semana) t?m uma redu??o de 32%. As pessoas que preenchem os dois crit?rios (atividade f?sica em cinco ou mais dias na semana, com tr?s dias de atividade vigorosa) apresentam uma redu??o de 50% na mortalidade. Essa informa??o demonstra como o est?mulo para a pr?tica da atividade f?sica pode ser estrat?gico para o sucesso de uma organiza??o.

O stress tamb?m pode afetar seriamente a produtividade das pessoas nas empresas. Pesquisas coordenadas pela professora Marilda Lipp revelaram que mais de 30% das pessoas relatam ter n?veis elevados de stress. No entanto, categorias profissionais como banc?rios, ju?zes do trabalho, jornalistas e policiais podem ter mais de 50% de stress excessivo entre os trabalhadores. N?o ? dif?cil imaginar as repercuss?es e consequ?ncias para a sa?de das pessoas e a redu??o nos resultados do seu trabalho. O estilo de vida saud?vel ? uma poderosa ferramenta no gerenciamento do stress.

Import?ncia para a sociedade - O Brasil tem se desenvolvido, no aspecto econ?mico, de maneira cont?nua, conforme se observa pela evolu??o do Produto Interno Bruto. Os indicadores sociais, apurados pelo IDH (?ndice de Desenvolvimento Humano) tamb?m t?m evolu?do, apesar de isso ocorrer de maneira lenta. Assim, mesmo com os problemas relacionados ? desigualdade social, a viol?ncia urbana, a quest?o do saneamento b?sico e do acesso aos servi?os de sa?de e educa??o, observamos em nosso pa?s um aumento na expectativa de vida, com redu??o na mortalidade infantil e melhor tratamento das doen?as cr?nicas.

No entanto, os organismos internacionais t?m alertado sobre a import?ncia dos fatores de risco para doen?as cr?nicas n?o-infecciosas, como diabete, infarto do mioc?rdio, derrame cerebral e c?ncer. A Organiza??o Mundial da Sa?de calcula que estas doen?as sejam respons?veis por 72% de todas as mortes em nosso pa?s, chegando a mais de 900.000 ?bitos em 2005. Estima-se que o Brasil vai perder US$ 49 bilh?es nos pr?ximos anos por mortes precoces, devidas a essas doen?as. N?o estamos considerando os graves preju?zos econ?micos e sociais para as fam?lias e para as empresas.

Interven??es efetivas para estimular as pessoas a serem mais saud?veis, por meio da atividade f?sica, alimenta??o saud?vel e elimina??o do fumo podem trazer excelentes resultados para o Brasil. A OMS estima que uma redu??o de 2% ao ano na preval?ncia destas doen?as, ao longo de dez anos, pode resultar em um ganho econ?mico de US$ 4 bilh?es para o nosso pa?s.

Naturalmente, a realiza??o de esfor?os envolvendo os ?rg?os p?blicos e as comunidades poder?o oferecer ambientes que favorecem um estilo de vida mais saud?vel. Criar ambientes livres do cigarro, cal?adas que facilitam ? caminhada, ciclovias e aumentar a oferta de alimentos saud?veis s?o medidas importantes. Um estudo realizado na China demonstrou que mulheres que n?o realizam atividade f?sica estruturada, mas que v?o ao trabalho caminhando ou de bicicleta tem redu??o de 25 a 50% na mortalidade.

Conclus?es As pesquisas demonstram que o estilo de vida saud?vel ? muito importante para as pessoas, para as empresas e para o nosso pa?s. Infelizmente, os dados da pesquisa VIGITEL mostram que ainda h? um longo caminho a percorrer, para que as pessoas sejam mais ativas, se alimentem melhor e tenham bons h?bitos. Por outro lado, demonstra-se o imenso campo de trabalho que se descortina para os profissionais da atividade f?sica, da nutri??o e do bem-estar. Surge ent?o o desafio da capacita??o para que possam oferecer programas, produtos e sistemas que efetivamente ajudem as pessoas a mudarem seus comportamentos.

Ressaltamos, finalmente, que a qualidade de vida tem car?ter multidimensional. As pessoas n?o s?o m?quinas e somente aderem ?s orienta??es dos profissionais quando encontram sentido em suas vidas, se sentem motivadas e percebem que o bem-estar ? atingido atrav?s do desenvolvimento harm?nico das facetas f?sica, emocional, social e espiritual da qualidade de vida.

A iniciativa do SESI Departamento Nacional, com o apoio da ABQV, do CONFEF e do CFN de celebrar a SEMANA DA VIDA ATIVA, no inicio de agosto, tem uma import?ncia fundamental na mobiliza??o dos profissionais de sa?de, particularmente os de educa??o f?sica e nutri??o sobre a necessidade de uma a??o estruturada, cientificamente embasada, em todos os ambientes para a melhoria do estilo de vida de nossa popula??o.

Fonte: Alberto Jos? N. Ogata ? m?dico, Mestre em Medicina e Economia da Sa?de e presidente da Associa??o Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).

Revisado em: Fevereiro de 2012.

 

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